Não se iluda com o número de
páginas de um livro, isso não influencia na sua qualidade. De fato, descobri
esse importante detalhe ao ler “O Velho e
o Mar”, de Ernest Hemingway (originalmente publicado com o nome The man and the sea). Este pequeno livro
tem aproximadamente 100 páginas, foi publicado em 1952 e, dois anos depois,
recebeu o prêmio Nobel de literatura. Há uma grande integração com a natureza.
Riquezas e vivências, conhecimento que o personagem Santiago nos passa a
respeito da vida, pescaria, conhecimento de mundo e da natureza. Realmente
digno de premiações e com uma linguagem simples e atraente.
Já havia percebido a grandeza de
outros pequenos livros, como “A revolução
dos bichos”, de George Orwell (originalmente publicado com o nome Animal farm). Trata-se de uma história
envolvente onde os animais lutavam por mais cuidados, por sua liberdade e para
construir um espaço em harmonia com os bichos; trabalhando e cuidando de seu
próprio sustento sem precisar sustentar os humanos, nem tampouco dar-lhes
dinheiro sem receber nada em troca. Pouco a pouco, com a liderança dos porcos,
que dentre os animais eram os mais inteligentes, as coisas vão se dirigindo
para uma política capitalista e autoritária, muito próxima das práticas
humanas. Os porcos passam a se comportar como se fossem melhores que os outros,
pois tinham as melhores ideias e maiores responsabilidades. Fica evidente que
em todo o lugar onde for necessária uma liderança haverá disputa por poder e
corrupção. Assim como em “O Senhor das
Moscas”, de Willian Golding (originalmente publicado com o nome de Lord of the Flies), o contrário
acontece: os pais de um grupo de crianças inglesas providenciaram um avião, em
uma tentativa de tirá-los dos bombardeios da Inglaterra, que durante a viagem caiu
em uma ilha deserta. O piloto morre, as
crianças ficam sozinhas, sem adultos ou qualquer instituição, forçados a viver
juntos em um estado natural. Da civilização, passam aos poucos a esquecer;
precisam de alimentos e manter a fogueira acessa para o caso de aparecer
regate. Porém, nem todos estão de acordo. O instinto da caça fala mais alto no
grupo do Coro, liderado por Jack e, do outro lado o grupo de escolares, liderados
por Ralph, que tenta manter a ordem, respeito e dignidade. Este, de fato, é um
livro mais grosso e com mais detalhes e simbolismos, percebe-se que inserido em
estado natural, nosso lado selvagem fala mais alto.
A necessidade de sobrevivência
nos faz selvagens? Ou sempre fomos? Somos todos irmãos: humanos e não-humanos.
Precisamos dos animais para nos acompanhar, para manter o equilíbrio, para
mantermos nosso sustento. Eles nos ensinam a ter persistência, ter força, ter coragem
e, ainda, são incrivelmente belos. Nós existimos para proporcionar que eles se
reproduzam, para manter a ordem e para garantir que nossos irmãos, os animais,
tenham sua serventia, pois cada espécie tem seu valor e suas características
específicas, dependendo do meio em que vivem. Nós não somos nada mais do que
animais habitando cidades; já os animais são humanos que habitam a floresta. Nenhum
é melhor do que o outro; nós não somos melhores que ninguém. Essa é a realidade.
A realidade também é subjetiva e espacial, isto é, depende do ponto de vista
dizer o que é real. Esse é o meu ponto de vista que pertence ao meu
conhecimento de mundo e à minha imaginação.
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