Quero escrever, escrevo agora como nunca escrevi antes. Todos os nomes
me vêm à mente, expressões e vontades irrequietas para serem projetadas,
produzidas e empurradas para o grande mundo que existe fora da barriga.
Achava que não gostava de poesia, achava que não conhecia a métrica, o
ritmo e a profundidade de poetizar. Achava que não iria querer coisas que,
agora, se encaminham para um “sim, eu aceito”. Parecia que nunca casaria e
então, como um presente de Deus espontâneo eu tenho agora o maior de todos os
casamentos do cosmos e suas raízes, de
outros pequenos casamentos, outros radianos com diferentes ângulos que se desprendem do
núcleo que gira em torno de uma grande luz. Vejo a luz contornando os caminhos,
vejo a luz mesmo quando ela dá lugar à escuridão que também é bela.
Obrigada Renato Russo por cantar para mim sem eu pedir e me mostrar o
que nunca enxerguei nas palavras soltas que simbolizam o que pensava minutos
antes, se disciplina é liberdade, já estou livre. Hoje eu sofro para rir, e
muito, amanhã.
Estou quietinha, mas trabalhando a mente. Meu descanso é quando
exercito o corpo. Estou no caminho certo, ninguém precisa afirmar, sei quando
estou errada e quando não estou. Crio, copio, modifico, parafraseio, conto. Tudo
começa em um conto, por isso comecei, fiz, faço e farei. Não farei para ganhar
dinheiro, farei para que um dia eu não esteja mais aqui e escute de cima muitas
vozes falando de minhas obras e pontos de vista. Então não morrerei. Será, então,
que reencarnarei? Se reencarnar, ouvirei as vozes chamando meu antigo nome? As
engrenagens lunares e solares estão engrenadas
entre o movimento planetário mágico e cíclico, infinitamente gerando o caos,
pois nada é totalmente linear. Assim não é o ciclo masculino, muito menos será
o feminino.
O que seria dos inteligentes se não existissem os burros? O que seria
dos espaços vazios se não existissem os espaços preenchidos? Nada existiria,
nada se sobressairia ou se confundiria. Se meus quadris não doessem mais eu
poderia ser mais feliz, mas quem não tem limitações? Quem não tem seu lado
ímpar? Não sou retilínea, não sou curvilínea, tenho minha própria forma, ordem
e espaço. Sou “uma” coisa única, mas não sou redonda. Sou limitada, mas não
quadrada. Achava que não queria. Achava que não chegaria a ser geométrica.
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