quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

PRONTO PARA MATAR


     Ele recebeu o telefonema tarde, alguém pedindo sua ajuda para um trabalho árduo. Se não fosse um negócio consideravelmente bom, certo que não iria, mas há muito tempo queria fazê-lo pessoalmente. O momento era esse. A recompensa seria compensatória. Dirige-se a uma estante e pega abaixo dela uma caixa grande. Sim, tinha que sair logo, mas seria breve. Acha finalmente seu machado. Seria suficiente. De estômago vazio, pega as chaves e sai, está com suas botas pretas, colocadas propositadamente para não manchar de sangue, uma camisa marrom e na calça Jeans velha, seu facão. Ninguém no trânsito, ausência de buzinas. Seu olhar analítico já sabia de cor onde seria a execução, uma pupila vidrada e impaciente. Luzes ofuscavam nos luminosos por onde passava, mas não havia mais nada nem ninguém. Logo que avistou uma delegacia virou na esquina anterior rapidamente. O seu sangue frio o fazia acelerar, só de pensar que ela fugisse. Chegou a uma casa verde e branca, como eram muitas outras casas deste mesmo bairro, desta cidade vazia. A casa, porém, parecia ser o único lugar com gente acordada, tudo estava calmo. Teria que ser rápido para não ouvirem os gritos. Ele tinha a manha. Estacionou com perfeição fazendo apenas duas manobras. Abriu a porta, após alguns passos pela grama molhada e quando ouviu vozes parou. Olhou em volta, pegou o facão por precaução. Percebeu que havia alguns desconhecidos, o que talvez não fosse uma boa ideia. Entrou pela porta sem olhar para trás, no fundo do corredor passou por uma mesa com bebidas e não fez cerimônia, tomou um copo de cerveja, entrou no pátio e lá estava ela, atrás da cerca correndo, cambaleando e com seus olhos arregalados. Estava machucada em uma das pernas. Quem o solicitou o esperava em frente, um ar sério e cansado, cabelos brancos, vestindo um pijama amassado e usando pantufas:
- Meu filho, sei que não é uma boa hora, mas estou velho para essas coisas, pelo o que sei, tu ainda não jantou, então se tu quer comer, vai ter que dar um jeito nessa galinha. Ela só grita e corre o tempo todo! – e então obedecendo ao velho pai, o gaúcho olhou para a galinha, entrou na cerca e a golpeou de uma vez só. Missão cumprida.

Um comentário: